27.6.04

O ano em que a silly season passou ao lado

Os telejornais têm dedicado, em média, 5 minutos de emissão à "crise" política causada pela eventual saída de Barroso do Governo e o tempo restante ao futebol.
Até á proxima terça-feira, não deve haver mudanças. Na terça, véspera da grande meia-final, saber-se-á, definitivamente, se Barroso é ou não o nome escolhido pelos líderes europeus para apresentar ao Parlamento Europeu no final de Julho.
Só depois disto (e da ressaca da eventual vitória no Euro) é que deverá começar a discutir-se, a sério, quem será o próximo Primeiro-Ministro.
Na verdade, o mandato de Romano Prodi (que, recorde-se, é o actal presidente da Comissão em funções) só termina em 31 de Outubro.
Até lá haverá tempo para os maiores partidos reunirem em Congresso. É rpovável que o do PS, agendado, se não me engano, para NOvembro, seja antecipado. Vitorino poderá vir a Portuga reclamar as suas credenciais e apostar no seu nome para substituir Ferro e, eventualmente, suceder ao homem que lhe "roubou o lugar" na Comissão - Durão Barroso.
Sampaio poderá esperar até ao final dos ditos congressos partidários para decidir se convoca ou não eleições antecipadas. Ou condicionar tais congressos, convicando-as antes, precipitando a mais-que-provável queda de Ferro (que prometeu "directas", que o não devem beneficiar).
O PP será provavelmente o único partido a dispensar o conclave antecipado, ficando na expectativa das decisões do PSD.
Santana tem por isso um longo caminho a percorrer antes da sua "nomeação". A sua eleição para presidente do partido perde terreno num cenário de eleições antecipadas.
Os tradicionais meses de férias serão por isso passados a discutir a sucessão. As festas da "rentrée" serão mais animadas do que o costume.
O que é pena é que a (até há dias) provável remodelação pré-férias ficará adiada por alguns meses. E, com Barroso em gestão corrente até Outubro, vão perder-se meses preciosos de trabalho.
A única alternativa está nas mãos de Sampaio: dissolver já esta semana o parlamento e convocar de imediato eleições para o início de Setembro (fazendo o que Soares pensou em fazer quando Cavaco anunciou a sua não recandidatura, a um ano do final do mandato). Mas Sampaio não vai usar a "bomba atómica" antes de esgotar a via do diálogo.