6.4.04

As Bolsas em 2004 (III)

Retomando a resenha mensal iniciada no Mata-Mouros e com o atraso de uma eternidade face ao fim de Março, vejamos então como se comportaram os mercados no último mês.

O 11 de Março constitui um marco que ressaltará em todos os gráficos. A generalidade das Bolsas registou quedas abruptas nos dias posteriores ao atentado e a recuperação encetada no final do mês não foi suficiente para evitar que a maioria dos mercados fechassem em perda. Mas vamos ao habitual quadro, ordenado por ordem decrescente de valorização dos índices nos últimos 12 meses, sendo aqueles apresentados nas moedas locais (dados da Reuters):



Algumas curiosidades:

1. Tal como em Fevereiro, Moscovo voltou a ser, de forma destacada, a Bolsa do mês, do ano e do lustro. A volatilidade é imensa e aquilo é mercado impróprio para cardíacos, seja pelas suas oscilações, pelo risco do rublo ou pela complexidade e arcaísmo do sistema de settlement. Mas tem inegavelmente um potencial enorme;

2. Mais uma vez, os lugares cimeiros são ocupados pelos mercados emergentes, se bem que a ordenação seria totalmente diferente se descontassemos o efeito cambial;

3. Curioso o comportamento da bolsa israelita, a não reagir à morte de Yassin e sendo um dos poucos mercados a fechar o mês com ganhos;

4. Bastante enganadora a posição de Shangai. Se medido o índice em dólares, estaremos porventura perante o melhor comportamento no quinquénio. Outro mercado com um potencial gigantesco;

5. Frankfurt e Amsterdam apresentaram as piores performances europeias no mês. Os mercados estarão porventura a interrogar-se quanto à sustentabilidade da recuperação económica alemã. Alguns indicadores não têm sido famosos, como o do desemprego, divulgado hoje.

Relativamente à nossa “bolsinha”:

a) Apesar de fechar o mês com perdas, apresentou no período o melhor comportamento das bolsas europeias – o terrorismo será para os outros...

b) Fechou com ganhos pelo 4º trimestre consecutivo e os maiores (11,75%) desde o último trimestre de 2002 (14,06%);

c) Mantém-se como a 2ª melhor bolsa europeia nos últimos 12 meses e possivelmente destronará Frankfurt no final do corrente mês;

d) Dos componentes do PSI 20, o campeão do trimestre foi a Pararede, com uma valorização de 65%, muito embora tenha aliviado dos máximos no final do mês depois de anunciada uma 2ª redução de capital em 2 anos para cobrir prejuízos; logo a seguir, 2 empresas do Grupo Sonae, a empresa-mãe (Sonae SGPS) a crescer quase 41% e a Sonae.com, a valorizar-se quase 29%;

e) A Jerónimo Martins foi a única empresa do índice com comportamento negativo no trimestre – queda de 15% - tendo o mercado reagido desfavoravelmente ao anúncio de um aumento de capital

Terrorismos à parte, os próximos 2 meses podem ser de crescimento da generalidade dos mercados, tendo em conta que vai começar a distribuição de dividendos, com um impacto não dispiciendo na liquidez. Já no próximo dia 13, o BCP “abre a época” em Portugal, entregando aos seus accionistas perto de 200 milhões de euros. Em Maio, será a vez dos outros 2 pesos-pesados, a PT e a EDP, encharcarem o mercado com mais umas centenas de milhões. Enfim, um panorama a desanuviar.