29.7.04

As portagens anunciadas

Contou-me um amigo que, há dias, quando se dirigia do Porto para Viana na IC1, antes de chegar à estação de serviço da Galp imediatamente antes da saída para Viana, avistou um carro da Brigada de Trânsito da GNR. Um dos soldados fez-lhe sinal de paragem. Como a estação de serviço era mesmo ali, o meu amigo entrou lá e parou à espera dos guardas. Afinal quem apareceu foi uma jovenzinha que, sorridente, lhe perguntou se estava disponível para responder a um inquérito. O meu amigo recusou, alegando que estava à espera da GNR que o tinha mandado parar.
- Mas isso foi por minha causa ? esclareceu a quase-adolescente.
- ??!!??
- É. Fizeram-no parar para que responda às minhas perguntas.
- ??!!??
- Diga-me: de onde vem?
- Do Porto.
- Quanto tempo demorou a chegar aqui?
Desconfiado, a olhar para trás, sempre à espera que os anafados GNR's aparecessem, o meu amigo informou:
- Cerca de 45 minutos.
A menina exultou:
- Pois é. E não estava disposto a pagar 9 euros para demorar menos tempo?
- 9 euros?! Bem, isso são quase dois contos. Não estava. Prefiro demorar mais tempo.
Desolada, a garota insistiu:
- E se fossem 7 euros?
- Não. Nem um tostão ou cêntimo mais.
Como os dignos representantes da autoridade não aparecessem, o meu amigo arrancou. Pelo caminho deu consigo a pensar na quantidade de respostas mentirosas que os automobilistas haveriam de dar à pequena para demonstrar que viajaram sempre a 90 km por hora. Nas irresistíveis concordâncias que ela iria obter dos que espreitavam temerosos pela chegada da GNR. No facto estranhíssimo da Brigada de Trânsito mandar parar as pessoas para que respondam a um inquérito dirigido por uma aparente menor. E nos títulos dos jornais e televisões que daqui a algum tempo irão assegurar que os portugueses querem pagar portagens na IC1 (ou como lhe querem agora chamar, A28), que exigem mesmo as portagens entre o Porto e Viana do Castelo - exibindo, claro, os resultados dos inquéritos extraídos desta bonita maneira.