Na sua primeira grande entrevista, concedida ao Expresso desta semana, na condição de candidato a líder do PS e, por extensão, a primeiro-ministro de Portugal, José Sócrates, quando interrogado sobre a possibilidade de fazer alguma coisa na vida sem ser política, deu esta espantosa resposta:
«Então não imagino? Pode não acreditar mas tenho qualidade, mérito e currículo para isso. De tal forma que este ano estou a fazer o mestrado em Gestão de Empresas. Só me falta o 4º trimestre para acabar».
Não nos admira que o possível futuro primeiro-ministro dê como exemplo de «qualidade e mérito» a sua vocação um pouco tardia para um curso de início de carreira académica. Seguramente não terá sido essa a razão que o levou a tão ciclópicos trabalhos. Nem que aparentemente desconheça que um mestrado não finda com a conclusão da parte lectiva, mas com a apresentação e defesa de uma dissertação, que é uma pequena tese especializada num tema escolhido. Sócrates também não aspira à pasta do Ensino Superior e quem para lá for que se preocupe com essas minudências.
Não podemos, contudo, deixar de estranhar que o candidato ache, a seu próprio respeito, que inspira sérias reservas quanto à sua «qualidade», ao ponto de admitir que os outros, neste caso os jornalistas do Expresso, não acreditem nela. Que raio: «pode não acreditar mas tenho qualidade»!? Parece um pouco forte. Um pouco mais de confiança não lhe faria mal nenhum.