28.7.04

GUERRA ABERTA NA PORTUCALENSE

Entre a Reitoria e a Direcção da Cooperativa, segundo o JN (link não disponível) de hoje. Não há dinheiro para salários e as partes recriminam-se reciprocamente.
Este género de situações são recorrentes no ensino superior privado, agravaram-se com a gestão socialista do sector, que ampliou brutalmente as vagas do ensino público sem estabelecer uma complementaridade entre os dois sub-sistemas, e só poderão piorar no futuro.

Na origem de tudo está a natureza cooperativa da maior parte das entidades gestoras, que foi o modelo imposto nos idos da década de 80, no seguimento da crise e do encerramento da Universidade Livre. Na altura, gerou-se a convicção que o ensino universitário era um bem sublime, não sujeito às normais regras de mercado. Vai daí, o então Ministério da Educação obrigou a novas Universidades a assumirem a forma societária cooperativa, resquício do socialismo romântico do século XIX. Obviamente, só poderia dar mau resultado. Nas cooperativas presume-se que todos colaboram para o mesmo fim, generosamente e de forma desinteressada, pelo que a posição de cada um dos sócios é igual: todos mandam o mesmo, trabalhem muito, pouco ou nada, tenham investido um euro ou um milhão deles no negócio. Como se vê, numa sociedade competitiva como a nossa, este é o género de negócio incapaz de atraír sócios: porque haveria alguém de meter dinheiro a sério numa sociedade onde ficará a mandar o mesmo que todos os outros sócios? Por outro lado, a imensidão e dispersão de votos possíveis leva a facilitismos de vária ordem e à tentativa de estabelecimento de acordos sociais para a obtenção de maiorias. Nem sempre esses acordos respeitam o interesse societário, como facilmente se poderá compreender.

Por isso, a situação do ensino superior privado, dos seus professores, alunos e responsáveis, só poderá agravar-se. Razões mais do que suficientes para o Ministério do Ensino Superior, titulado por uma Ministra que já deu provas de não se inibir nas decisões que tem de tomar, modificar o quadro legal vigente, vinculando as instituições existentes a uma redimensionação profunda do sector, nomeadamente, fundindo as muitas que existem em duas ou três.