28.10.04

Chumbo, inverdades e manipulações

Clarificando esta posta do Gabriel e várias notícias que saíram nos jornais de hoje, das quais a do Público é a que mais se aproxima do ocorrido, passe embora o exagero do título e o eu ter "arrasado" PSL:

1. A referida moção foi apenas apresentada e subscrita por mim. Eis o seu texto integral:

Considerando:
a) O clima de enorme incerteza que assola o País, pautado por vários sinais de imaturidade política, de desaceleração económica e por uma envolvente internacional preocupante;
b) A continuada recessão que vem atingindo o Distrito do Porto, bem expresso nos números crescentes de desempregados;
c) A oposição de baixo nível e de cariz paralisante que se vem verificando ao nível do concelho do Porto.

A Assembleia Distrital do PSD, reunida em 26 de Outubro de 2004 em Paços de Ferreira, delibera:
1) Congratular-se pela aprovação da SRU Porto Vivo, que cria as condições para se encetar de forma estruturante o processo de recuperação urbanística da baixa do Porto;
2) Congratular-se pela futura implementação de portagens nas auto-estradas actualmente em regime SCUT e pela, espera-se que breve, entrada em vigor da nova Lei do arrendamento urbano, duas medidas passíveis de importantes impactos económicos, seja ao nível da carga fiscal, seja ao nível da criação de um mercado de arrendamento, hoje praticamente inexistente;
3) Manifestar a sua apreensão pela actuação do governo na área da comunicação social, gerando conflitos perfeitamente dispensáveis e formulação de juízos públicos quanto à sua postura que se vêm revelando assaz negativos para a sua imagem;
4) Propor ao governo medidas concretas que contrariem tal postura e que deverão passar pelo completo abandono da posição do Estado em órgãos de comunicação social, através da privatização da RTP e RDP e da venda da sua "golden share" na PT;
5) Recordar ao governo a importância do cumprimento do programa eleitoral que deu a vitória ao PSD, designadamente as promessas então feitas com impacto na gestão orçamental, como sejam a extinção da maioria dos Institutos Públicos, a racionalização do sector empresarial do Estado e a diminuição da carga fiscal.

Paços de Ferreira, 26 de Outubro de 2004
Luís Rocha - Militante nº 5145


2. Após tê-la redigido, imprimi apenas 2 exemplares da Moção. Um que ainda está na minha posse e outro que foi entregue na mesa da Assembleia Distrital após a ter apresentado.

3. Verifico que os vários jornais que se fizeram eco da reunião, transcrevem ipsis verbis algumas partes da moção.

4. Como não falei com nenhum jornalista antes ou depois da Assembleia Distrital, concluo que a fonte dos jornais só pode ter sido a Mesa da Assembleia ou a Comissão Política Distrital.

5. Curiosamente e apesar de o meu nome constar no final da Moção como seu único subscritor, não fui abordado por nenhum jornalista na tentativa de confirmar o respectivo teor. Vejam-se os títulos/sub-títulos que apareceram:
No Público -
Censura ao Governo não foi a votos
No Comércio do Porto - Vice de Rui Rio apresenta moção contra Governo
No DN - Vice de Rui Rio critica Governo
No JN - (...) A reunião ficou marcada ainda por uma moção crítica ao Governo apresentada por 4 apoiantes de Rui Rio (...)

6. Diga-se que Paulo Morais entrou mudo e saiu calado da Assembleia, onde se limitou apenas a votar favoravelmente a admissibilidade da moção. Do tão divulgado "bando dos quatro" e para além de eu próprio, apenas interveio Moreira da Silva, que sublinhou o "apelo à oração" que Cavaco fizera nesse mesmo dia.

7. Ou seja, a mensagem que se pretende passar é a de que Rui Rio - que não esteve presente, mas enviou uma mensagem escrita à Assembleia, anunciada mas não lida - está contra o Governo e contra Santana. Congresso do PSD oblige?


Não resisto a transcrever este delicioso retrato sobre os nossos media feito pela Joana:

Os meios de comunicação, nomeadamente os de referência, estão enfeudados ao «politicamente correcto» dos valores que lhes colonizaram as mentes. Mas têm algumas características "aproveitáveis": sabem muito menos do que julgam saber, são muito mais incultos do que julgam ser e regem-se mais pelo efeito que pretendem produzir (nomeadamente as TV?s) do que pelo rigor da informação. Isto é um húmus magnífico para nutrir e criar tudo o que a imaginação apenas alcança. Especialistas de marketing político encontram aqui abundante matéria prima para produzirem factos políticos, económicos e sociais que servirão não só de antídoto, como de catalizador de adesões. O jornalista português, na sua desdenhosa sobranceria, é, por isso mesmo, manipulável, com toda a facilidade, por qualquer bom especialista de imagem. A sobranceria e o desdém são a mãe e o pai de todos os logros.

Resta dizer que Marco António está muito longe de ser um especialista de marketing político ou de manipulação e nunca chegará nestas áreas aos calcanhares de Marcelo. Facto que ainda abona menos a favor dos nossos jornalistas...