A Itália anunciou hoje que Rocco Buttiglione continua a ser o seu homem para Comissão Europeia. Ainda que esta possa ser um afirmação de circunstância, modificável daqui a alguns dias (não foi à toa que José Barroso falou em semanas até à apresentação de nova proposta), a crise institucional está aí, com toda a força. Teria sido bem mais fácil a Barroso recusar Buttiglione antes da aprovação da lista final pelo Conselho do que agora. Agora, arrisca-se ele próprio a ser recusado.
Ana Gomes, no causa-nossa, fala no regresso da «Europa do debate ideológico e do confronto político» e afirma que «a hora dos compromissos centrões, moles e mal-cheirosos está em declínio».
Será assim? Ou este episódio mostrará, outrossim, que a Comissão Europeia está mesmo condenada aos «compromissos centrões, moles e mal-cheirosos»?
No actual estado das instituições comunitárias, só uma Comissão parda, politicamente correcta e ideologicamente neutra terá possibilidades de não ser chumbada pelo Parlamento Europeu.