O que se poderá interpretar com o suposto anseio dos eleitores por um presidencialismo hard, não será tanto uma genuína e consciente vontade em mudar o regime, mas a esperança no homem providencial, no missionário asceta, quiçá no ditador esclarecido e benevolente que faça milagres sem alterar os nossos brandos e muito laxistas costumes.
É, em suma, a eterna fé no messias sebastiânico e moralizador, que passará de bestial a besta no dia em que esquecer a moralidade e exigir responsabilidade, individual e colectiva, trabalho, muito trabalho e assumpção de riscos.
Desiluda-se quem pense que Cavaco, um filho dilecto do regime, fará uma tal ruptura. Num almoço realizado no Porto há cerca de 3 meses, ouvi-o defender explicitamente as virtudes e os checks & balances do nosso semi-presidencialismo...