O Protocolo de Quioto é um documento que vincula Estados, e não "proponentes", a uma série de acções. Os Estados de países democráticos mudam regularmente de governo e por isso mudam os "proponentes", mas o Protocolo é sempre válido para os Estados. Quer se considere Estados ou "proponentes" é falso que os seus signatários considerem que o Protocolo de Quioto tem um efeito mínimo no clima. Basta ler os documentos que foram publicados durante o último G8 na Escócia, nomeadamente esta crítica bem ilustrativa de Blair (deve ser anti-americano...) aos EUA:
"We were never going to be able at this G8 to resolve the disagreement over Kyoto, nor to renegotiate a set of targets for countries in place of the Kyoto Protocol, that was never going to happen and I have to be very blunt with you about that. But I tell you my fear on climate change, which is why I put this on the G8 agenda. If it is impossible to bring America into the consensus on tackling the issue of climate change, we will never ensure that the huge emerging economies, particularly those of China and India, who are going to consume more energy than any other part of the world, we will never ensure that they are part of a dialogue, and if we cannot have America as part of the dialogue on climate change, and we can't have India and China as part of the dialogue, there is no possibility of us succeeding in resolving this issue."
A questão que está em discussão é: até os seus proponentes reconhecem que o Protocolo de Quioto tem um efeito mínimo no clima.
Para provar o contrário, o Rua Curado vai buscar um texto de Blair em que ele não diz que o Protocolo de Quioto tem um efeito significativo no clima. Porque não pode dizer. Porque não tem. Basta consultar o gráfico seguinte para perceber que não tem:
Figure 1 The expected increase in temperature with business-as-usual and with the Kyoto restrictions extended forever. Broken line shows the temperature for the business-as-usual scenario in 2094 is the same as the Kyoto temperature in 2100 (1.92°C). Source: Wigley 1998.
Aliás, é o próprio Blair que o reconhece ao admitir que se as emissões da China e a India não forem limitadas, o protocolo não serve para nada. Como o Rui deverá saber, a limitação das emissões da China e da India não ficou acordada em Quioto. Por isso, quando Blair reconhece que sem a China e a India, o aquecimento global não tem solução, está implicitamente a reconhecer que Quioto não é a solução.