5.9.05

Protecção civil e o estado mínimo

Vital Moreira diz que o que falhou nos Estados Unidos foi o estado mínimo. É pena que Vital Moreira não tenha analisado a questão do ponto de vista da análise de risco e da escolha pública.

Um decisor racional não alocará todos os seus recursos a um único projecto de protecção civil. Alocará em primeiro lugar os recursos onde eles são mais necessários, pois não existem recursos para prevenir todos os perigos. Como é explicado aqui, um risco de probabilidade relativamente baixa tem que ser prevenido com investimentos distribuídos ao longo do tempo. Eu sei que os socialistas acreditam que os recursos são ilimitados, mas a verdade é que até num estado máximo de tipo soviético tem que optar pela protecção dos riscos mais prováveis. Para além disso, o estado máximo não se dedica só à protecção civil. A protecção civil não pode ser a única prioridade. O estado máximo não pode alocar recursos exclusivamente à protecção civil, tem por vezes que descurar a protecção civil para investir na economia, caso contrário o país estagna.

Mas o problema é ainda mais grave porque os governantes não são decisores racionais. Os governantes são eleitos por um processo democrático. Acontece que o processo democrático não favorece a tomada racional de decisões porque quem ganha eleições são os políticos que melhor cedem aos lóbis. Num estado máximo, o governo terá competências muito mais apetecíveis para os lóbis do que a protecção civil. O processo democrático favorece mais os políticos que investem em novos estádios ou que lançam novos aeroportos do que os políticos que investem na manutenção de infraestruturas. Aliás, o próprio Vital Moreira tem escrito muito mais posts a favor da Ota do que a favor da manutenção de estradas e pontes. Como é que Vital Moreira explica esta disparidade?

Ver também: O Estado Mínimo - um equivoco comum