28.2.06

(IN)COERÊNCIAS DO MISTER CO

(Do leitor Fernando de Morais recebemos este texto que, a todos os títulos, merece publicação)

"COERÊNCIA TÁCTICA
Nunca jogamos em 3-3-4, mas este é o sistema do mister CO
Questiona-se:
Temos mais produção ofensiva?
Rematamos mais?
Joga-se melhor?
Joga-se com mais velocidade?
O que significa termos mais jogadores no ataque (Domingo chegamos a ter 5)?

COERÊNCIA NO DISCURSO

Após jogos determinantes tece afirmações deste género e desta qualidade:
Benfica - Porto: o Benfica foi melhor
Depois de nos terem roubado num jogo: Os árbitros portugueses são melhores que os holandeses.
Motivantes sem dúvida?.

COERÊNCIA NA ELIMINAÇÃO DE JOGADORES DE PESO

A forma como foi eliminado J. Costa é paradigmática. Basta ver que o nosso Aloísio aos 37 anos era ainda um senhor, que o nosso João Pinto corria mais que os 9 jogadores de campo aos 35 anos? Aliás, com o J. Costa ao lado do R. Carvalho (e quiçá ao lado do Pepe) não teríamos perdido nem empatado jogos relevantes.
O modo como foi eliminado o Diego é sintomática: declarações do empresário (seu pai) levaram à sua exclusão dos convocados; exactamente na mesma semana, declarações do empresário do Helton, criticando a contenção verbal do Porto, não tiveram a mesma consequência. Porquê? Porque não interessa. O único a eliminar era o Diego.

COERÊNCIA NAS FOLGAS

Folga-se uma vez por semana, salvo nos tempos de selecção (aí a folga estende-se por vários dias) e na altura natalícia - e presumo que pascoal (estende-se por semanas). O que se compreende, pois o futebol é um jogo cansativo.

COERÊNCIA DISCIPLINAR

Um exemplo elucidativo:
Porto - Benfica (Bruno Alves agride a pontapé Nuno Gomes e depois não satisfeito fá-lo à cabeçada: resultado final dois jogos de suspensão - o que foi pouco; no termo do castigo, já Bruno Alves se sentava no banco de suplentes; será que não queria lá pôr o J. Costa?)
Gaba-se depois de ter a equipa mais disciplinada do campeonato...

COERÊNCIA NAS SUBSTITUIÇÕES

Depois do novo 3-3-4, as substituições habituais são sempre estas: sai o Quaresma e o Ivanildo entra o Alan e o Lisandro; estejamos a ganhar, a perder ou empatados.

COERÊNCIA NOS CANTOS E NOS LIVRES DIRECTOS

Para além de quase todos mal marcados, o último golo de canto aconteceu no jogo Naval - Porto, e o único golo de livre foi da autoria de Quaresma, com tabela num jogador do Boavista (não esquecendo o golo do H. Almeida, esse portento futebolístico, no Inter - Porto).
Acresce que nem perigo existe em nenhuma das situações assinaladas.
Trabalho de casa não se vislumbra.

COERÊNCIA SANCIONATÓRIA

Sempre que um jogador falha é apontado a dedo em público. Ver os casos de Raúl Meireles, em Milão, e de Vítor Baía, este com a exclusão imediata.

COERÊNCIA NAS ESCOLHAS

Erros de casting foram vários:
Desde a escolha inicial do Hélder Postiga como nº 10, passando pela falta de visão (para não dizer cegueira) ao não perceber (quase até meio da época) que tinhamos um jogador fantástico como é o caso do Paulo Assunção, e ao manter jogos a fio o Jorginho, grande amigo dos adversários?

COERÊNCIA NA ESCOLHA DOS NÚMEROS DAS CAMISOLAS DOS JOGADORES

1) Só dois jogadores mantiveram o número que pretendiam (2 e 99). Esses dois jogadores foram já liminarmente eliminados: J. Costa pelo factor idade, conjugado com o elemento falta de velocidade; V. Baía pela idade e por se ter exibido de forma inconstante. Interessante verificar que os que puderam escolher já ?eram?.
2) Os outros jogadores, cujo números foram apontados e indicados pelo CO, já inúmeras vezes jogaram fora das suas posições habituais. Aliás, não consigo mesmo perceber se há, para o CO posições típicas, como ele se refere (o 7, o 11, o 9). A liberdade retirada aos jogadores na escolha dos números significa elevar ao limite o factor ?empatia? com o treinador

COERÊNCIA NA ESCOLHA DO CAPITÃO

1) Afastamento do capitão J. Costa
2) Afastamento do capitão V. Baía, pois um guarda-redes não pode ser capitão.
3) Resultado final: já tivemos inúmeros capitães esta época. Assinalo as referências a Lucho e a Paulo Assunção, jogadores sem peso na equipa (estão no clube nem há um ano), jogadores que, ressalvo, muito aprecio.

COERÊNCIA NO MODO COMO PERDE OS DESAFIOS MAIS IMPORTANTES

Porto - Benfica (perdeu os dois jogos para o campeonato sem espinhas: já não perdíamos os 2 jogos desde 1976-1977; (lembram-se?)
Porto - Sporting (empatou em casa e provavelmente perderá em Lisboa)
Porto - Inter Milão (vitória em casa, com dois golos na própria baliza dos jogadores do Inter, mas derrota decisiva em Milão, depois de ter estado a ganhar e só ter começado a derrocada após ter substituído Paulo Assunção e entrado Bruno Alves)
Porto - Glasgow (derrota em Glasgow: com 10 jogadores, a 10 minutos do fim, fomos para a frente para tentar ganhar; não houve instruções para segurar o jogo; em casa, foi o que se viu, sem atacante nos primeiros 45 minutos e depois de ter entrado um atacante na 2ª parte, período em que conseguimos o golo, decidiu defender a 10 minutos do fim)
Não coloco aqui o jogo com o Artmédia, em virtude de esta ser uma equipa banal (perdeu agora na 1ª mão da taça UEFA, em casa, com o Levski de Sofia)

COERÊNCIA REVOLUCIONÁRIA

Logo após duas derrotas modifica substancialmente a equipa e a sua estrutura: refiro-me ao jogo com o Benfica (1ª volta) e ao jogo com o E. Amadora (2ª volta).

COERÊNCIA NA FORMA COMO SE DEIXA EMPATAR E PERDER, EM ESPECIAL NOS JOGOS DECISIVOS

Lembrar:
Porto - Braga (entrada de Bruno Alves para fazer penalti, com a correspondente saída do atacante)
Porto - Glasgow (a mesma situação)

COERÊNCIA NAS CONSEQUÊNCIAS RESULTANTES DA VISUALIZAÇÃO DIRECTA (OU SEJA PELO MISTER CO) DAS EQUIPAS ADVERSÁRIAS

O treinador foi ver jogar o Art Media e o Sporting.
Resultado final: Empatamos os dois jogos, sendo que com o primeiro fomos eliminados da Liga dos Campeões e da Taça UEFA (tudo ao mesmo tempo?), ao passo que com o júnior Paulo Bento (aprendiz actualmente no curso de treinadores onde Peseiro é professor) quase perdíamos em casa."

Fernando de Morais