24.2.06

O papel da VIRGEM, na sociedade contemporânea

Há um bom par de anos atrás, uma instituição universitária organizou um programa de conferências em algumas cidades do interior.

Foram convidadas várias personalidades académicas, sobretudo de Lisboa. Naturalmente, a organização logística das conferências fazia-se á distância, via telefone e fax. De igual modo, de Lisboa e do Porto, seguiam os convites e os posters publicitando tais iniciativas.

A adesão local, por via de regra, era muito boa. As forças vivas autóctones compareciam e, consigo, atraíam sempre curiosos ou interessados que, para o caso (ou seja, para se conseguir uma "sala cheia") eram igualmente muito bem vindos! As conferências eram sistematicamente um sucesso.

Um dia, um insigne académico lisboeta, versado em mística e em história das religiões, foi convidado para conferenciar, em Lamego, no âmbito de tal iniciativa, tendo escolhido como tema para a sua palestra o papel da Virgem Maria na sociedade contemporânea.

Encomendaram-se os cartazes e os posters, enviaram-se os convites, organizaram-se as viagens e estadias e, eis que, na véspera da conferencia, recebem os organizadores um telefonema estranho, de Lamego. Com efeito, o mandatário local da organização queixava-se da incomodidade do tema a abordar na conferência do dia seguinte. Ainda por cima - dizia - numa cidade tradicionalista e muito conservadora, como era o caso de Lamego.

Tudo bem - retorquiram-lhe de Lisboa - mas, precisamente por isso, e até mesmo porque o Sr. Bispo já confirmou a sua presença, falar-se da Virgem Maria não seria, à primeira vista, despropositado...

Sim, sim, se fosse da Virgem Maria, tudo bem...só que os cartazes que estavam espalhados por toda a cidade apenas anunciavam, em letras garrafais, que o Professor X ... falaria do PAPEL DAS VIRGENS, NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA. Nada de culto Mariano, nada de religioso, enfim...apenas as virgens....bem se vê o incómodo!

Com efeito, os erros nas tipografias acontecem - descobriu-se quando já era tarde demais!

Lembrei-me de tudo isto, designadamente, da importância das virgens, a propósito daquilo que, aparentemente, sem erro, é a posição de certa jurisprudência italiana, relatada aqui: Not a virgin? Sex crimes aren't as (so) serious