16.2.06

OS FUNDAMENTALISTAS DO LADO DE CÁ


A Opus Dei quer alterações ao filme "The Da Vinci Code" que se encontra em fase de pós-produção e cuja estreia está aprazada para o próximo dia 17 de Maio.
Segundo essa controversa seita católica, a Sony Pictures deverá modificar cenas já acabadas do filme antes da sua estreia, visando evitar choques com os crentes (leia-se, com eles próprios) "particularly in these days in which everyone has noted the painful consequences of intolerance".
Este extraordinário pedido público surge, assim, ancorado nos recentes e tristes acontecimentos no mundo muçulmano, relacionados com a crise dos cartoons, a que esta organização extremista não resiste a fazer um espantoso paralelo.
A Opus Dei afirma que "It is not enough to offer to the offended party the opportunity to defend itself while the offence continues. Correct behaviour is to avoid offence while it is still possible" - no actual contexto internacional, esta posição é, no mínimo, estranha. Ou talvez não. Poderia ser assumida por qualquer Íman numa oração à sexta-feira a propósito dos cartoons. As demais ameaças, por muita vontade que possa existir, é que já não podem ser ditas do lado de cá - é que a nossa civilização há muito que fez a higiénica separação das águas que outras não conseguiram. Embora, pelos vistos, para desgosto de alguns.
"The Da Vinci Code offers a deformed image of the Catholic Church", assegura a Opus Dei. No entanto os muitos milhões que leram o livro de Dan Brown - o maior best-seller internacional dos últimos anos - sabem bem que a obra (e, supostamente, o filme) apenas revela alguns aspectos mais camuflados da Opus Dei, faz uma interpretação um pouco bizarra dos inícios do cristianismo, mas está longe de atacar a igreja católica. Aliás o romance anterior de Dan Brown, "Anjos e Demónios" já foi classificado diversas vezes como uma obra ultra-católica...
Resta saber se a Sony resiste ou assume uma posição lamentável freitista...