(O primeiro-ministro disse que estava aberto a sugestões e a novas ideias - aqui vai a minha)
Foi ontem divulgado um estudo de uma empresa credível revelando que os portugueses são o povo mais pessimista dos 25 que integram a UE - julgo que esses portugueses têm toda a razão neste estado de alma colectivo.
Somos, há demasiado tempo, o país pior governado da Europa.
E também somos o povo mais enganado da Europa - parece que mesmo os políticos aparentemente mais sérios quando atingem cargos governativos não resistem em se transformarem em mentirosos compulsivos.
Por exemplo, o que mais me irrita neste anúncio de reforma da segurança social é o tom de ponderada sisudez dos seus vendedores e o seu constante uso de expressões como "moral" e os seus apelos à "ética social" as suas razões argumentativas a abarrotar de "obrigações com os mais velhos e com os jovens" e outros chavões semelhantes para enganar tolos...
Os defensores do Estado Social com cargos governativos, seja qual for o Governo e a sua cor política, nas últimas décadas, prometeram direitos, volitivamente criaram expectativas, intencionalmente alimentaram ilusões.
Durante anos e anos o Estado Social foi-se construindo no compromisso de um pagamento obrigatório, coercivo, SEM POSSIBLIDADE DE OPÇÃO, dito de todos e para benefício de todos - mas não é nada isso que se está a passar.
A gente que governa este Estado Social muda as regras unilateralmente, como bem querem e lhes apetece.###
O Estado Social não age de BOA-FÉ, não cumpre os seus deveres, não respeita os seus contratos (materialmente falando). Acontece que este Estado Social é incompetente, reiteradamente, obstinadamente, mas somos nós, os contribuinte forçados, sobretudo os da classe média, os grandes penalizados pelos erros de quem nos governa.
Recordo que Guterres, em 2001, num Governo que integrava este primeiro-ministro e muitos dos actuais governantes, garantiu que as alterações que estava a fazer à Segurança Social estabilizava o sistema até 2050 - ontem mesmo, sem qualquer pudor, José Socrátes disse que as mudanças que preconiza vão manter o funcionamento do sistema até, pasme-se, 2050...
Vamos continuar a pagar o esboroar, a corrosão deste modelo social cada vez mais caro.
O primeiro-ministro, ontem, disse que estava aberto a sugestões e a novas ideias - aqui vai a minha:
- dêem-me o dinheiro que paguei desde o início da minha carreira contributiva e eu prescindo da minha reforma pública!
Ou, pelo menos, permitam a opção aos portugueses entre continuar a descontar para um sistema público de Segurança Social ou passar a usar o seu dinheiro noutras aplicações e que cada indivíduo possa, se assim o desejar, responsabilizar-se ele mesmo pela sua reforma.
A Liberdade é feita da possibilidade de escolha e da assunção de responsabilidades pelas opções próprias - eu quero ter a Liberdade de poder optar entre um sistema público ou qualquer outro, de poder descontar para onde quiser. E assumir conscientemente a responsabilidade pela minha conduta.
Assim, como isto está, não tenho escolha e sou coagido a sofrer os efeitos dos erros compulsivos dos responsáveis pelo sistema público de segurança social...