17.10.06

Irresponsabilidade e paralisia

O André Carapinha não percebe como funciona o capitalismo, não percebe como é que este sistema económico pode produzir extraordinárias quantidades de riqueza. Para o André Carapinha, como para todos os anti-capitalistas, o capitalismo é um jogo de soma nula, pelo que se alguns ganham, só pode ser porque outros perdem (o crescimento do PIB mundial nos últimos 200 anos é um fenómeno inexplicável). A ideia de acordo com a qual o capitalismo pode gerar fantásticas quantidades de riqueza a partir do nada é estranha ao André Carapinha, para quem cobalto enterrado tem o mesmo valor que o cobalto transformado num bem de consumo.
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Não perceber que entre o cobalto enterrado e o cobalto sob a forma de um bem de consumo está uma cadeia em que cada elo adiciona cada vez mais valor ao cobalto, não perceber que os elos mais importantes da cadeia se encontram em países desenvolvidos, não perceber que o cobalto sempre esteve enterrado em África sem que os africanos lhe tenham dado qualquer uso leva o André Carapinha à conclusão errada de que quem tem cobalto enterrado é explorado por quem produz bens de consumo. Alegar, como o André Carapinha alega, que os países africanos se encontram num qualquer estágio do capitalismo é não perceber que o que caracteriza e fez o sucesso do capitalismo´é a combinação do respeito pela propriedade privada, a liberdade individual e o espírito empreendedor e comercial, algo que dificilmente se encontrará em países onde convivem o tribalismo e o afro-socialismo.

Claro que esta ideia de que os pobres são pobres porque são explorados pelos ricos é muito atraente. Os problemas dos pobres nunca são da responsabilidade deles, são sempre da responsabilidade de uns senhores distantes que tudo controlam. Permite dividir o mundo entre os bons e os maus, permite associar a riqueza à maldade e a pobreza à virtude, permite que aqueles que nada fazem por si próprios possam exigir aos outros aquilo que a sua própria atitude os impede de conseguir.

E claro que também é uma ideia paralizante. Eles podem seguir teorias económicas erradas, mas a responsabilidade não é deles. Eles podem seguir líderes corruptos, mas a responsabilidade não é deles. Eles podem passar 40 anos em guerras sucessiva, mas a responsabilidade não é deles. Eles podem não se interessar pela educação e pela ciência, mas a responsabilidade não é deles. As instituições podem não funcionar, mas a responsabilidade não é deles. Eles não têm que mudar nada porque na verdade tudo o que realmente conta está fora do seu controlo. Os outros é que têm que mudar.