"O cristianismo e o judaísmo projectam visões políticas diferentes acerca do mundo. O cristianismo, como cisão do judaísmo, afirmou desde o início, como marca distintiva, o seu carácter universalista. O Deus da Nova Aliança era o Deus de todos os homens, não o do "povo eleito" da Aliança do Pentateuco - a matriz judaica. Daí o amor ao Próximo, ao Outro, como argumento moral primordial do cristianismo. Sendo Deus universal, de todos os povos - judeus, romanos e gentios - Ele está, assim, no Outro. Amar o Outro é, pois, amar a Deus. O cristianismo é, por isso, desde os seus primórdios, inclusivista - inclui o Outro - e pretende a sua Salvação.###
O judaísmo, pelo contrário, é exclusivista. Jeová é só seu - deles -, dá-lhes em exclusivo a Terra Prometida, e a afirmação identitária do povo eleito é alcançada pela exclusão do - e em conflito permanente com o - Outro, cuja salvação igualitária não é prevista, antes o seu aniquilamento.
Não é por acaso que os principais teorizadores do neoconservadorismo americano são quase exclusivamente judeus. Judeus (e cristãos evangélicos) foram escolhidos por Deus para submeterem o mundo num Armageddon apocalíptico que abriria as portas ao mundo novo."
(Euroliberal, in Blasfémias, 16 de Outubro de 2006, editado; para a versão original, cf. caixas de comentários aos posts Cristo: Faz bem aos outros e Liberalismo)