20.10.06

Não Sequestrem a Campanha

Vem aí um novo referendo à despenalização do aborto e votarei favoravelmente. Não me sinto com o direito de julgar moralmente as atitudes de quem decide em consciência interromper uma gravidez.

Da outra vez ganhou o não. E ganhou, em parte, porque a campanha do sim foi sequestrada por algum trogloditismo extremista, afastando a moderação do debate e muitos indecisos das urnas. Convinha evitar que a Ana Drago escrevesse coisas como "Num País Que Não Respeita Os Meus Direitos Eu Não Quero Viver ..." (encontrei uma transcrição aqui), moderar os ímpetos guerreiros da Odete, evitar utilizar a campanha para propaganda de grupos marginais construtores de happenings. Em resumo, fugir ao ridículo. E principalmente, convém respeitar as opiniões dos que votam não.

Só há uma pergunta que ainda necessita resposta. Irão os hospitais públicos, onde existem listas de espera intermináveis para intervenções cirúrgicas urgentes, canalizar os escassos recursos para a prática de abortos?