9.10.06

O Impacto dos Jornais Gratuitos, Metro e Destak

Numa manhã da última semana de Setembro, cheguei adiantado a uma reunião à portuguesa, numa das torres das Amoreiras. Somando o auto-adiantamento ao atraso lusitano crónico, foram quase 30 minutos de espera, suficientes para uma análise do impacto dos jornais gratuitos na cidade de Lisboa.

No semáforo situado à frente das Amoreiras, há uma luta fratricida entre Metro e Destak. Ainda o semáforo está amarelo quando começam as hostilidades. Enquanto 2 jovens atravessavam a passadeira de peões para trás e para a frente com bandeirinhas dos respectivos jornais ou dos patrocinadores das capas do dia, 4 distribuidores atacavam os carros que se enfileiravam atrás do semáforo.

Quando o semáforo passa novamente a verde, há sempre um período de histerese, em que os distribuidores atrasam os veículos ainda em fase de arranque para distribuir mais uns quantos exemplares. E também há condutores que, apesar do verde, abrandam para pedir um exemplar.###

Estimativa feita de observação empírica, são 3,35 carros em média que não passam de cada vez que o sinal está verde, por causa do Metro e do Destak. Duma só vez foram mais de 10 carros retidos, quando o/a condutor/a de um Smart esperou pacientemente pelos seus exemplares com o sinal verde, ignorando o coro de buzinadelas dos enfileirados à espera de vez.

Sabendo que em cada sessenta minutos o semáforo abre 45 vezes, e admitindo que entre as 8 e as 10 da manhã há sempre acumulação de veículos no Viaduto Duarte Pacheco, no fim deste período são 90*3.35 veículos acumulados, a mais, para lá da capacidade de escoamento dos semáforos. Cerca de 300 carros, suficientes para encher o fim da A5 desde o Alto de Monsanto.

Não há jornais grátis. Estes dois chegam a custar até 20 minutos de fila para cada automobilista. Tempo, trabalho perdido, combustível e poluição.

PS: Será desta que a Quercus faz alguma coisa? Não, não devem ter tempo, preocupados que estão com o consumo da luz do standby dos televisores.