É o que poderá acontecer se tiver sucesso a OPA que a Ryanair acaba de lançar sobre a sua compatriota Aer Lingus, a "companhia de bandeira" irlandesa. Quase 1.500 milhões de euros é o valor da oferta, coisa pouca para uma empresa que está a abarrotar de liquidez com uma tesouraria atestada com mais de 2 mil milhões de euros. Se a operação se concretizar, poderemos assistir ao aparecimento da primeira low cost em rotas intercontinentais. A conjugação das rotas de que a Aer Lingus já dispõe a partir de Dublin e Shannon para 4 cidades americanos e para o Dubai com o enorme acréscimo de feeding que a Ryanair canalizará, pode vir a representar um crescimento estratosférico no longo curso e fazer da Irlanda uma das principais plataformas intercontinentais para voos transatlânticos.###
O caminho será porém tortuoso. Para além de a operação ter de passar pelo crivo da Autoridade da Concorrência lá do sítio e da Europeia, o Estado irlandês, que dispõe de uma participação de quase 30% na empresa-alvo, não está com grande disposição de a vender. Não evitaria, por si só, que a Ryanair adquirisse uma posição de controlo na Aer Lingus, mas teria de lidar com um parceiro incómodo com capacidade de bloqueamento de decisões, nem que para tal tivesse de "dourar" uma acção.
Por outro lado, a operação já terá feito tocar alguns alarmes, principalmente na British Airways e na Air France, as mais ameaçadas com a implementação de um hub intercontinental em Dublin. Daí a rumores de uma eventual OPA concorrente vai um passo e a cotação da Aer Lingus já reflecte tal cenário, tendo ultrapassado o valor oferecido pela Ryanair (quase ?2,90, contra os ?2,80 oferecidos por esta).
Um folhetim que promete e o qual valerá a pena seguir. Para quem viaja frequentemente aos States, é "fazer figas" pelo sucesso da OPA, que lhe propiciará alternativas bem mais baratas.