16.10.06

Universidades: rankings internacionais, Portugal e MIT.

Num mundo em processo de globalização, também a área do ensino superior se encontra em mutação, desde logo pela maior facilidade com que as diferentes instituições recebem alunos provenientes de países que não aquele no qual cada instituição se encontra situada.

É assim natural que tenham surgido documentos contendo "rankings" das universidades a nível global, sendo bem conhecidos os documentos produzidos pela Shanghai Jiao Tong University, pelo The Times Higher Education Supplement, bem como pela revista Newsweek, International Edition.
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Os diversos rankings, cuja metodologia poderá ser, em cada caso, discutida, convergem em algumas conclusões gerais. A forte presença de universidades norte-americanas e britânicas nos lugares de topo é um traço comum, bem como a presença significativa de universidades europeias e também asiáticas.

A Espanha apresenta-se representada na lista do The Times Higher Education Supplement (versão 2006), através da Universidade de Barcelona (posição 190, ex aequo), bem como na lista da Shanghai Jiao Tong University (versão 2006, igualmente), designadamente através da mesma U. de Barcelona, U. Autonoma Madrid, U. Complutense Madrid, U. Polytechnic Valência, U. Valência, U. Autonoma Barcelona, U. Granada, U. Sevilla e U. Zaragoza. Honrosa presença é ainda notada por parte de instituições do Brasil, nesta última lista.

Ponto comum a estas três listas é, de igual forma, a inexistência de representantes portugueses.

A estes dados, no que respeita a Portugal, junta-se o facto de entre os milhares de publicações científicas indexadas pelo Institute for Scientific Information (secção Journal Citation Reports) não constarem publicações portuguesas (algumas publicações constam, contudo, de outras bases de dados, tais como a Scopus e a PubMed).

É sobre este pano de fundo que surge o protocolo de acordo Portugal/MIT (Massachusetts Institute of Technology), envolvendo algumas das principais universidades portuguesas.

A iniciativa será, desde logo, louvável, e poderá visar, para além de objectivos específicos, a alteração da imagem internacional das universidades portuguesas, no sentido geral de um aumento de credibilidade científica.

Contudo, e sem prejuízo de se poder desejar o melhor dos sucessos na implementação do referido acordo, poderá ter interesse identificar as causas da actual situação, ou seja, da não presença portuguesa em alguns rankings internacionais de universidades. É que, sem tratar das causas, poderá ser difícil alterar as consequências.

O convívio internacional com prestigiadas instituições académicas poderá ser importante, não apenas para produzir alguns resultados concretos, mas também para promover uma alteração de mentalidades. No entanto, será provavelmente necessário algum optimismo para pensar que este tipo de meritórias iniciativas seja capaz, isoladamente, de fazer entrar as universidades portuguesas no desejável plano de excelência internacional.

José Pedro Lopes Nunes