3.10.04

OS DESVARIOS DO SENHOR REITOR (2)

Mas, ainda de acordo com o Público, o Senhor Reitor continuou alegremente a exorbitar, lamentando-se da falta de apoio financeiro do Estado para com a sua instituição religiosa. Defendeu que a Universidade Católica deveria ter um tratamento equivalente às Universidades públicas alvitrando ser isso o que acontece com as demais U. Católicas no resto da Europa.

Não percebo.
Constantemente leio e ouço os responsáveis pelo ensino religioso em Portugal a lamentarem-se dos poderes de intervenção do Estado e a exaltarem a sua autonomia.
Agora, afinal de contas, o Senhor Reitor quer que a sua instituição seja pública ou privada?
Quer que o Estado a sustente (ainda mais?) e admite que os poderes públicos interfiram com o modo de funcionamento da instituição?
I. é, está disposto a que a U. Católica seja obrigada a pautar-se pelas mesmas regras das outras Universidades públicas e privadas ou quer conservar a sua redoma de instituição concordatária para o que lhe convier?

Ou, pura e simplesmente, o Senhor Reitor quer o melhor dos dois mundos? Anseia pelo dinheiro do Estado mas pretende manter a independência típica das privadas?
Quer ser Universidade pública no que estas têm de melhor, mas continuar a gerir-se de acordo com os seus próprios critérios pedagógicos e de gestão - evidentemente, à custa do dinheiro dos outros?

O Senhor Reitor da Católica, naquilo que disse, demonstrou o pior que existe na Igreja portuguesa. O esforço incontrolável de imposição moralista dos SEUS critérios de comportamento a todos os outros. A irracional pedinchice dos dinheiros públicos. A fuga descontrolada para o proteccionismo estatal.

Por mim, na quase véspera do "5 de Outubro", vou dedicar alguns momentos a reflectir acerca do higiénico princípio da separação entre a Igreja e o Estado, bem como sobre a perpétua e constante vontade de densificar o laicismo na sociedade portuguesa. Pelo menos, enquanto existirem "Reitores" que pretendam o contrário...