12.2.07

Há vencedores e vencidos (2)

A igreja católica cometeu um erro grave. Ao contrário daquilo que o cardeal, avisadamente, tinha prometido em Setembro, a igreja envolveu-se directamente na campanha. Foi a jogo num jogo que deveria ter recusado. Transformou-se em parte. Em Novembro a Conf. Episcopal passou a marcar o ritmo - bispos, párocos e acólitos, usaram toda a sua influência a favor do "Não". A influência que tinham e a que julgavam deter.
Pior: constatou-se a força decisiva que as seitas possuem dentro da máquina eclesiástica.
Perderam. Por culpa própria. E muito mais do que um simples referendo. Estranhamente, uma instituição que prima pela actuação tácticamente ponderada, quase sempre sábia, não percebeu a mudança enorme que este país teve nos últimos anos. Politicamente, ficou claro que a igreja já não tem poder de conformação das consciências. Está circunscrita em todas as dimensões da sua autoridade tradicional. Nas equações políticas deixou de ser um factor relevante a ter em conta. E nenhum operador político esquecerá isso daqui para diante.