O meu filho de 5 anos até hoje não percebia nada de futebol.
Como é natural, diz-se adepto do FCP. Coisas de modas.
No início do Euro ficava muito zangado por ver tantas bandeiras nas janelas sem serem do FCP.
Com muito esforço, lá lhe fui explicando a diferença entre um clube e a selecção.
À força de ver tantos jogos em substituição do Canal Panda à hora de jantar, lá foi tendo oportunidade de perceber que o Deco, o Costinha e o Maniche não tinham mudado de clube e que estavam a jogar por Portugal, esse ?clube? que ele até ali não gostava.
Com a crescente boa campanha de Portugal e a ajuda dos colegas da escola foi-se entusiasmado e vendo os jogos com mais atenção. Já sabia o que era uma falta, um canto, um livre. Reconhecia o Figo nos anúncios.
Lentamente, começou a soltar expressões de alegria ou ansiedade por um remate que quase entrava, uma bola rematada cheia de força.
Ontem, pela primeira vez, perguntou se nós não apoiávamos a Selecção uma vez que não tínhamos a bandeira cá em casa. E queria comprar uma.
Hoje viu comigo o jogo. E sofreu pela primeira vez com um jogo. Aquele miúdo cresceu muito com o Euro 2004.
Depois dos gregos marcarem, ele só dizia que agora íamos marcar 3 de seguida. Que era impossível irmos perder. No fim, ao aperceber-se de que faltavam 10 minutos apenas, estava nervoso, irrequieto, e triste. Compreendeu que já não íamos ganhar a Taça.
No fim, chorou. Demorei bastante a consolá-lo.
E ao deitar-se disse-me: "Agora já não sou do Portugal, agora sou do Sporting, e quando ele perder deixarei de ser do Sporting".
Fiquei mais descansado. Ele continuava a ser um menino pequeno e inocente.