Tenho para mim que só haverá um verdadeiro debate europeu quando nos dividirmos sobre a Europa e formos a votos, e não enquanto andarmos a rezar por um "consenso nacional" e a mandar para as franjas do sistema político, os que discordam em parte ou no todo dos caminhos da UE. É por isso, que, por mais ofensivo que possa parecer aos nossos europeístas, há mais debate público, - logo haverá mais legitimidade democrática na decisões -, no Reino Unido do que em qualquer outro país da UE.
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Por exemplo: qual a necessidade sentida pelos europeus, que movimento generalizado da opinião pública, que disfunção maior sentida pelos governos, exige que haja uma Constitução Europeia ?
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Essa agenda escondida tem dois grandes motores. Um, é de caracter táctico e é a desconfiança face ao alargamento e a vontade de manter o poder no núcleo duro das grandes nações europeias - Reino Unido, França, Alemanha, Espanha. Outro é de caracter estratégico e tem a ver com um impulso de engenharia política, oriundo de uma elite europeia transnacional, muito ligada às burocracias europeias, para fazerem da Europa um país, limitando progressivamente às soberanias nacionais no plano político. O impulso táctico ainda se compreende pela auto-consciência de que o alargamento está a ser feito ás pressas e com o adiamento de todos os problemas. O segundo motivo, é mais perigoso, não porque seja realizável, mas porque acabará com a UE como ela é, nas suas virtualidades e vantagens para todos os países europeus. Como se passa com quase todas as experiências de engenharia politica vanguardista, estragará o que está, sem construir nada de novo.
19.7.04
A EUROPA NÃO É UM PAÍS
Artigo de JPP originalmente publicado em Outubro de 2002 e agora disponibilizado no VERITAS FILIA TEMPORIS.