12.7.04

A ilusão do poder unanimista

Vitorino é o homem de quem se fala, o D. Sebastião do PS a favor de quem todos irão desistir. É espantoso como um partido se vira em bloco do ex-MES Ferro Rodrigues para o católico Vitorino, silenciando à partida todo um debate que se esperaria clarificador das várias tendências internas. Sinceramente, esperava uma atitude mais combativa da parte de José Lamego.

Desde Cavaco na Figueira que ninguém conquista o poder num partido, antes se assistindo a recorrentes e fastidiosos processos de criação de uma auréola mítica à volta de determinados personagens até que o poder lhes caia nos braços. Foi assim com Barroso, durante muito tempo o "Desejado" no PSD, aconteceu agora com Santana, tudo aponta que o cenário se repita em breve com Vitorino.

A ausência de um confronto claro e assumido jamais irá gerar líderes fortes. Os que temos e teremos fazem toda a sua ascensão na base da sedução, da negociata e do compromisso com as corporações partidárias, tudo devidamente disfarçado com uma conveniente "cobertura" mediática que os transforma sempre em homens providenciais. A ausência de estratégia é uma constante e o objectivo último será sempre o da conservação do poder, jamais o seu exercício. Um poder débil e ilusório, cuja manutenção depende umbilicalmente da avidez das corporações internas. Até cair de podre.