Portugal por outro lado, desde a derrota inicial, que se transformou como por obra e graça do Espírito Santo, numa equipa fortíssima, compacta, crente e com automatismos e rotinas que penso conhecer de algum lado.
Foi muito melhor que a Holanda, não merecia sofrer tanto. Teve sempre o controlo do jogo e a sua iniciativa, as maiores e melhores oportunidades, o desejo explícito de cada jogador deixar em campo a sua ultima gota. Figo, contente ou não com a substituição do último jogo foi um exemplar capitão na atitude explícita no esforço e na perseverança. Os últimos minutos são sempre emocionalmente difíceis, mas ocupar a área, dar a bola ao adversário e esperar o apito final, por vezes acaba mal...
Maniche
Talvez o melhor golo do torneio nos pés do melhor jogador da competicão. O golo já é conhecido, recordo o que marcou em Braga esta época, o jogador também é conhecido por tudo o que fez nos últimos dois anos.
Transformou-se num jogador absolutamente fantástico, que a Liga dos Campeões e a sua performance neste Euro colocaram na galeria dos colunáveis. Rendimento altíssimo e durante todo a época, mais recuado ou adiantado, com chuva ou com sol, em casa ou fora, no clube ou na selecção.
Ao pensar que esteve para não ser convocado, começo a sorrir!
Post de maradona:
Quem, se Deus quiser, mais vai ganhar este Europeu é o José Mourinho. Foi Mourinho quem inventou Maniche, um jogador dispensado do Benfica e que treinou sozinho durante um ano. Foi Mourinho quem inventou Costinha, um jogador irrelevante no Mónaco, e que teria definhado no Porto como definham todos os jogadores invisiveis. Foi Mourinho quem inventou Nuno Valente, um jogador dispensado do Sporting e esquecido por todos em Leiria. Foi Mourinho quem inventou a parte do Ricardo Carvalho que nos horroriza: o ?absurdo? sentido posicional, aquele lado feiticeiro que faz com que ele cave sempre nos sitios onde existem as melhores minhocas. Não foi Mourinho quem inventou o Deco, mas alguma coisa teria ele que não inventar. O Cristiano Ronaldo, o Figo, o Pauleta e até o Ricardo são escolhas mais que óbvias, mesmo para o Scolari, o mais desastradamente menos óbvio treinador do mundo. E o Miguel só lá está porque o Paulo Ferreira fez um erro contra a Grécia e porque, lá está, o Scolari gosta de se fingir um Ser com pensamento próprio.
Finalmente, e talvez mais importante que isto tudo, foi Mourinho quem inventou e treinou durante dois anos a maneira como Deco, Costinha, Maniche, Ricardo Carvalho e Nuno Valente se mexem uns relativamente aos outros. O que se tem visto é o Porto a jogar; o resto do pessoal, porque são bons e espertos, adapta-se.
Obrigado, José Mourinho. Não fostes só bi-Campeão Nacional, vencedor de uma Taça de Portugal e finalista noutra, vencedor de uma Taça Uefa e de uma Liga dos Campeões; é também a ti que devemos a maior parte das felicitações por esta Final e, se houver justiça, pelo titulo de Campeão Europeu de Futebol.