Sampaio escolheu a mais difícil das duas decisões: manteve a Assembleia em funções e reforçou a vertente parlamentar do sistema de governo.
Ele, socialista do Partido Socialista, com toda a oposição num alarido desenfreado a pedi-las e, convenhamos, a maior parte dos portugueses também.
O obtuso comportamento de toda a oposição há-de ter ajudado. Quem, por exemplo, ouviu ontem o Dr. Medeiros Ferreira no debate mensal do parlamento garantir, com sorrisos sarcásticos de quem sabia de ciência certa, que até ao fim do dia de hoje seriam convocadas eleições, ou o Dr. Manuel Alegre a explicar ao PS como teria de encarar o seu futuro governo, para já não falar nas «listas» do Bloco, ficou exclarecido.
A pressão feita pela esquerda levou a crer que Sampaio escolheria inevitavelmente a dissolução. Por isso, ao tomar a decisão que tomou, o Presidente foi politicamente incorrecto. Superou-se a si mesmo, violentou provavelmente a sua consciência de militante socialista, mas fez o que tinha a fazer. Parabéns.