Vital Moreira defende que quem é contra o serviço público de televisão são pessoas que já têm acesso à informação e à cultura e por isso não estão dispostos a pagar esse serviço duas vezes.
Segundo Vital Moreira, a direita é egoísta e só se preocupa com os seus interesses. A esquerda é altruísta e preocupa-se com os mais desfavorecidos.
O problema desta teoria é que ela não bate certo com os factos. Entre os mais acérrimos defensores do serviço público de televisão estão os próprios funcionários da RTP, uma data de intelectuais e de pessoal político que já tutelou a RTP, que a tutela ou que a pretende tutelar.
O conceito de serviço público é definido pelas elites intelectuais e consiste na produção de programas de televisão que satisfazem as preferências ou que garantem o emprego desses mesmos intelectuais. Se isto é altruísmo, é um altruísmo muito suspeito porque os principais beneficiários do serviço público são precisamente aqueles que o conceberam e que o promovem.
Há uma contradição entre as preferências dos mais desfavorecidos e o conteúdo do serviço público de televisão que se traduz nas miseráveis audiências do canal 2. O canal 2 é visto precisamente e apenas por aqueles que não precisam dele. Os intelectuais defendem um serviço público que o público rejeita. Esta contradição é um sintoma de paternalismo e/ou hipocrisía.
A tentativa paternalista de dar aos mais desfavorecidos aquilo em que eles não estão interessados está condenada ao fracasso porque até os mais desfavorecidos têm telecomando. Numa sociedade aberta, não é possível dar cultura a quem não a quer.