25.4.05

Eleições

Há 30 anos, 92% dos portugueses foram, pela primeira vez, votar em liberdade. Contra a vontade de muitos, que pretendiam transformarem-se nos novos ditadores. Que se viam a si próprios como uns iluminados que entendiam saber o que era melhor para o povo. Que, como acontece sempre com os ditadores, desconfiavam do próprio povo.

Dois personagens, especialmente tenebrosos e inimigos da liberdade devem ser recordados, neste 30º aniversário da sua derrota e da vitória da liberdade:

Vasco Gonçalves:
«Eu tinha a noção dos riscos que o processo revolucionário podia correr com a realização das eleições, dado o grau de imaturidade política da nossa população, a confusão que havia nesse período, a contestação ao MFA por parte do CDS, do PPD e do PS, a agitação partidária, a quantidade de partidos, especialmente na área da esquerda, a intervenção encapotada da Igreja Católica, etc. [Mas] não havia condições subjectivas no MFA para adiar as eleições".»

Rosa Coutinho:
As eleições "não vão representar realmente a vontade do povo, porque ele, coitado, ainda não tem o poder de análise. Nós não fizemos uma revolução para que, numa parvoíce eleitoral, percamos, de um momento para o outro, todos os ganhos alcançados. Seria, digamos, uma táctica de avestruz", sustenta o almirante, em entrevista concedida 15 dias antes do sufrágio.»
Fonte: JN, 24/04/05