O liberalismo assenta na livre empresa, o 25 de Abril nacionalizou bancos, seguradoras, jornais, cimenteiras e empresas grandes, médias e pequenas.
O liberalismo defende a propriedade privada, o 25 de Abril quis acabar com ela.
O liberalismo assenta no respeito da propriedade agrária, o 25 de Abril fez a «reforma agrária».
O liberalismo é pelo Estado de Direito, o 25 de Abril prendeu sem culpa formada.
O liberalismo é pluralista, o 25 de Abril proibíu partidos.
O liberalismo é pela liberdade de expressão incondicionada, o 25 de Abril condicionou os órgãos de informação e tentou tirá-los aos seus legítimos donos, como ocorreu com a «Rádio Renascença» e o «República», para melhor os controlar.
O liberalismo defende a escolha democrática dos titulares dos órgãos de soberania, o 25 de Abril tentou «adiar» as eleições constituintes.
O liberalismo exige que o Estado seja responsável e o 25 de Abril debandou irresponsavelmente das antigas colónias, como bem afirmou, na altura, o historiador comunista António José Saraiva, e chamou a isso «descolonização».
O liberalismo fundamenta-se na legitimidade do poder democrático das instituições, o 25 de Abril impôs-nos o MFA e o «Conselho da Revolução».
O liberalismo é contra a polícia política, o 25 de Abril criou o COPCON.
Dito isto, fique claro que, ao contrário do que a esquerda troglodítica possa dizer, o facto de encararmos o 25 de Abril como uma revolução que instituíu um regime não democrático, não nos transforma em defensores do 24 de Abril, nem em sinistros fascistas.
Na realidade, não nos parece que a liberdade comemore hoje trinta e um anos de idade. Ela fará trinta anos no próximo dia 25 de Novembro. Porque foi graça a homens como Mário Soares, Emídio Guerreiro, Magalhães Mota, Sá Carneiro, Freitas do Amaral, Adelino Amaro da Costa, Jaime Neves, Ramalho Eanes, entre muitos outros, que a democracia se impôs em Portugal. Esses homens reagiram contra o 25 de Abril de Costa Gomes, Otelo, Vasco Gonçalves, Rosa Coutinho, Álvaro Cunhal e do abjecto «Conselho da Revolução». Eles foram os primeiros adversários do 25 de Abril, aliás, ao tempo qualificados como «reaccionários» (isto é, que reagiam contra a revolução, o que foi inteiramente verdade). Só o facto de todos esses homens terem posteriormente exercido funções de Estado, os fez passar uma esponja sobre os acontecimentos e aceitar o 25 de Abril como a data simbolicamente fundadora da democracia. Porém, melhor do que ninguém, eles sabem que isso não foi verdade.