26.4.05

Negócios onde os chineses ainda não chegaram, ou a propósito da "crise dos têxteis"

No negócio do leitão. Sempre que regresso ao Porto, a seguir a Coimbra, desabafo com os meus botões: "Quem me dera um leitãozinho". Hoje, no regresso à Invicta, decidi mesmo jantar na Mealhada, no Pedro dos Leitões. Junto ao balcão, oito empregadas conversavam animadamente. Esporadicamente, interrompiam a conversa para atender um cliente. Noto que o restaurante estava razoavelmente cheio. A simpatia das empregadas (deve ser do excesso de trabalho) manteve-se no nível habitual. O leitão, esse, estava, como sempre, de fazer crescer água na boca.

Moral das história: quando o produto tem valor acrescentado para o cliente, os empregados podem trabalhar no meio da conversa e quase bater nos clientes. Quando o factor de diferenciação é o preço, não vale a pena chorar: é mesmo preciso ser eficiente. De nada vale ameaçar com "cláusulas de salvaguarda" e artifícios legais. É também batoteiro o argumento "humanitário" que visa apenas fazer jus ao provérbio: "Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas". Tudo o que se diga para lá destes conceitos simples, por mais sofisticada que seja a retórica utilizada, é "música celestial" e não resolve os problemas.

Quem interiorizar estas ideias vai vencer o futuro. Quem continuar agarrado às ideias do passado, vai ficar mais pobre. E até podem adiar a pobreza, tornando mais lenta a agonia. Mas ela acabará por chegar. É tudo uma questão de tempo.

Rodrigo Adão da Fonseca