14.9.05

Por minha culpa, por minha tão grande culpa...

Tenho de pedir penhoradas desculpas à Joana Amaral Dias pelo facto de ter respondido a um post seu onde não estava linkado. De facto, isto de trabalhar com várias janelas abertas no ecrã do computador presta-se às maiores confusões; fui, assim, induzido em erro pela minha própria falta de método.

Peço igualmente desculpa por, não tendo sido chamado ao debate, ter ainda tido a veleidade de me desviar da discussão climática, não acertando o passo na disciplina quase-olímpica do «arremesso dos estudos sobre furacões»; realmente, e utilizando uma linguagem quase popular, limitei a minha análise ao campo da ciência política. Peço, também por isso, desculpa por não florear os meus posts com uma linguagem blindada com um toque anglo-saxónico, buscando na aridez das palavras a tão necessária «substância» que, na opinião da JAD, me faltou.

Esclareço que, na verdade, não discuto questões ambientais, pois não me sinto preparado para isso. A esse nível, reconheço que me falta substância. Razão pela qual o meu post é um vazio de ideias nesta área onde a JAD se sente confortável e com capacidade de argumentar com consistência.

O que eu constato é que, no plano político, várias pessoas, com um grau de iletracia idêntico ao meu em matéria ambiental - que não JAD, certamente - procuram, para penalizar os EUA, fazer relações entre aquecimento global e furacões, justificando a sua posição com o «fruto» das suas pesquisas feitas no momento. Esta alegada cientificidade da chamada geração «google» - transversal em termos etários - não é fruto de preocupações ecológicas genuínas (com as quais aliás eu me identifico), procurando apenas fixar um pressuposto para poder concluir pela incompetência dos alvos políticos do costume... É a cassete da antiga esquerda recalibrada num novo suporte MP3...

É este aproveitamento político de fenómenos naturais extraordinários que me faz alguma confusão. Tem sido este o meu plano de análise. E, a este nível, os posts de JAD são amplamente criticáveis. Vejamos, a título de exemplo, esta substantiva afirmação, de fino recorte, onde JAD recorre com subtileza à técnica argumentativa «Se a minha avó tivesse rodas era uma bicicleta»:

«Mas se tivéssemos prevenido o grau que hoje atinge o aquecimento global, respondendo aos alertas que cientistas fazem há décadas, é possível que Nova Orleães tivesse sido poupada».

Possível? Mas o que é isto? O Euromilhões?

Rodrigo Adão da Fonseca