Joe Berardo, que ao longo dos anos desenvolveu sofisticadas competências que lhe vêm permitindo transformar custos públicos em lucros pessoais, acaba de demonstrar mais uma vez o potencial dos seus skills. De acordo com o Público (bolds meus):
(...) Berardo disse que a sua colecção sairia do país se, até ao fim do ano, o Governo não assumisse o compromisso de a expor num espaço relevante cedido pelo Estado.
O homem trata da sua vidinha da forma que melhor sabe. E ele sabe que neste país, a forma mais expedita de concentrar lucros é via socialização dos custos. A manutenção e segurança de 4.000 obras de arte devem doer num só bolso, por muito fundo que ele seja, mas são perfeitamente "anestesiáveis" se repartidas por 10 milhões de bolsinhos. Nada disto seria criticável, se os donos dos tais 10 milhões de bolsinhos tivessem dado o seu acordo ao negócio, cada um de per si e não por interposto José Sócrates, que decidiu abusivamente em seu nome sem que para tal fosse mandatado.
A contrapartida que se anunciará para os pagantes, dos quais apenas uma ínfima minoria terá acesso a deleitar-se com algumas das 4.000 obras de arte, será mais uma vez algo de etéreo e virtual, do género "a imagem e o prestígio por o país deter uma colecção de indiscutível craveira, que nos colocará na vanguarda cultural europeia, quiçá mundial". Já tínhamos ouvido algo semelhante por alturas da Expo-98 e do Euro-94...
Mas para a bovinidade reinante, nada disto releva. Importante sim, como vem realçado nos media, é a louvável capacidade de decisão do nosso primeiro e saber se terá ultrapassado e desautorizado a ministra da cultura (quem é e o que faz???) e os burocratas do CCB.
Enfim, é Natal e ninguém leva a mal... Resta-me fazer votos para que ele seja santo e harmonioso para toda a Comunidade Blasfema, em especial para os nossos prezados leitores e comentadores, no fundo quem viabiliza a existência deste Fórum que é o Blasfémias.