28.12.05
Re: As presidenciais dos pequeninos
Não percebi o editorial de Nuno Pacheco no Público. Nuno Pacheco comete uma injustiça ao meter todos os candidatos da sociedade civil no mesmo saco e usa truques meramente retóricos para os diminuir a todos. Os candidatos da sociedade civil não podem ser julgados apenas pelas suas profissões e pelos seus slogans. Afinal, se Manuel João Vieira é músico, Manuel Alegre é letrista, se algus dos candidatos da sociedade civil são advogados, Mário Soares também já foi, se Manuela Magno é professora universitária doutorada em física música (licenciada em física), Cavaco Silva e Francisco Louçã são professores universitários doutorados em economia, se um dos candidatos é controlador aéreo, Jerónimo de Sousa é operário, se há um candidato que é reformado, Mário Soares e Cavaco Silva também o são. Se a candidata funcionária pública diz que é a esperança, Cavaco Silva diz que é a confiança, se Manuela Magno quer a "mudança contra a resignação", Manuel Alegre quer "reinventar a democracia", se a funcionária pública diz que só os ignorantes é que não votam nela, Mário Soares insinua, de uma forma mais sofisticada, é certo, que só os incultos votam Cavaco. Se há um candidato que faz greve de fome porque a RTP não lhe liga nenhuma, há outro que quer dissolver a Assembleia da República por causa da água e outro ainda que quer usar o cargo para demitir Alberto João Jardim. É verdade que a maior parte dos candidatos da sociedade civil não dizem muito a favor da dita, mas nem eles são todos iguais nem, no que diz respeito a profissões e slogans vazios, os candidatos dos partidos são melhores.