29.12.05

O difícil caminho da liberdade

Orhan Pamuk, escritor turco, está a ser julgado no seu país por simplesmente ter dito numa entrevista: «Trinta mil curdos e um milhão de arménios foram mortos nesses territórios e ninguém excepto eu tenta falar sobre isso».

De imediato foi alvo de uma campanha contra ele, tendo optado por sair do país. Regressou em 2005, a fim de defender a liberdade de expressão e foi acusado (retroactivamente!!) , com base num artigo do novo código Penal que entrou em vigor em Junho, o qual prevê penas de 6 meses a 3 anos para quem «insultar» a República Turca.

Entretanto, um deputado europeu, o holandês Joost Lagendijk, membro da comissão que acompanhou o início do julgamento de Orhan Pamuk, terá, alegadamente acusado o exército turco de atacar os rebeldes curdos. O que não é própriamente nem uma novidade, nem uma surpresa. Um grupo de juristas nacionalistas turcos anunciou a intenção de processar aquele deputado por «ofensas às forças armadas turcas».

No entanto, o governo turco já admitiu rever futuramente tal legislação. E tem tido actitudes positivas para com a República da Arménia. Por exemplo, apesar de manter a negação do «genocídio» de 1915, decidiu abrir os seus arquivos à investigação, pedindo no entanto que a Arménia faça o mesmo, o que esta até agora recusou. E tem realçado, justamente, a manutenção da ocupação pela Arménia de 20% do território do vizinho Azerbeijão com o seu caudal de mais de 1 milhão de refugiados e expatriados à força.