A primeira afirmação que sobre o metro de Lisboa sou capaz de fazer é que era necessário mais metro. A segunda, é que esta falta tem saído cara, muito cara mesmo, com toda a despesa pública feita para suportar o automóvel privado (as ruas e túneis das nossas cidades?, entre outros recursos) e com os prejuízos decorrentes de um trânsito urbano cada vez mais caótico. A terceira, é que faz sentido o financiamento público de um recurso que redistribui acessibilidades, racionaliza o uso do espaço urbano e, globalmente, é mais barato do que a solução actual baseada no automóvel particular (quando se consideram os custos indirectos desta, suportados indiscriminadamente por todos os contribuintes). A quarta é que deve ser revisto com urgência quer o modo de gestão das empresas públicas, quer os modelos de financiamento destas (agora o que não vale é atribuir-lhes uma missão que dá prejuízo e depois questionar a sua existência porque dão prejuízo).
Comentários:
1. O Metro tem um passivo enorme. Primeira reacção: precisamos de mais Metro.
2. Para Rui Pena Pires, a despesa pública é que suporta o automóvel privado, ignorando que os automobilstas são os principais contribuintes do orçamento de estado.
3. Rui Pena Pires reconhece que o trânsito urbano está cada vez mais caótico. Mas o facto de apesar disso as pessoas continuarem a preferi-lo não lhe provoca nenhuma reflexão.
4. Note-se a pretenção de racionalizar o o uso do espaço urbano.
5. Rui Pena Pires diz que o Metro é mais barato quer o transporte rodoviário mas nem por isso defende o aumento do preço dos bilhetes de metro para cobrir o passivo. Não seria essa a opção mais lógica. E se o transporte rodoviário tem externalidades que não são pagas, o lógico não seria aumentar os impostos sobre o automóvel? Porque é que a solução proposta por Rui Pena Pires é deixar o transporte rodoviário como está e subsidiar o Metro?
6. Rui Pena Pires diz que os custos indirectos do automóvel são suportados indiscriminadamente por todos os contribuintes mas não diz:
a) quem é que mais paga impostos neste país;
b) quem suporta o passivo do Metro de Lisboa (muito do que o fazem vivem em Bragança)
c) quem suporta os custos indirectos (que também os tem) do Metro. Ou será que Rui Pena Pires acredita que a energia consumida pelo Metro não gera poluição?
7. Rui Pena Pires diz que é necessário revêr o modo de gestão das empresas públicas de transportes. Eu concordo. Por exemplo, é necessário fazer com que os utentes paguem todo o custo do transporte que usam para que as pessoas de Bragança não tenham que contribuir para manter o Metro de Lisboa.