A esmadora maioria [dos muçulmanos] não usou a violência para protestar. Limitou-se, com a mesma liberdade que lhe assiste, a queimar bandeiras e a não comprar produtos daqueles países. A liberdade, quando nasce, é para todos. E se os ocidentais descobriram que é divertidíssimo fazer chacota com os profetas dos outros, não vejo porque não podem os muçulmanos responder à letra. E responderam da melhor maneira. Ofenderam o que temos de mais sagrado: os nossos negócios.
Este texto é muito interessante. O seu autor parece achar normal que um acto praticado por alguns dinamarqueses possa servir de justificação para uma retaliação indiscriminada contra milhões de ocidentais que lhe estão vagamente associados. Eu nem sequer discuto que os muçulmanos possam ter razões de queixa contra os cartoonistas e os editores dos jornais que publicaram os cartoons. Mas parece-me que o Daniel presta um mau serviço à liberdade ao aceitar como normal que os muçulmanos rataliem cegamente contra todos os ocidentais, contra empresas que nada têm a ver com o sucedido e contra governos cuja função não é controlar a imprensa. É que, a única forma que o governro da Dinamarca tem para se defender deste tipo de retaliação indiscriminada é a instituição da censura. Só assim é que o governo da Dinamarca pode evitar casos semelhantes e as respectivas retaliações.