3.2.06

O "escândalo" do dia

Lucros da Banca disparam apesar da estagnação económica - titula o Público na sua primeira página (link não disponível).

Isto é recorrente. O aumento dos lucros da Banca é sempre titulado num tom algo indignado, acentuando-se a correlação excessiva ou negativa com a conjuntura económica. O corpo da notícia em causa até está equilibrado e enuncia correctamente os fundamentais que justificam o aumento dos lucros: evolução positiva da margem financeira, redução de custos, peso crescente das actividades internacionais e, fundamentalmente, o terem antecipado há alguns anos a necessidade de reconversão, vital para manter a competitividade num sector que é dos mais concorrenciais à escala global.


Mas a mensagem que perpassa no título é claramente negativista, como que transmitindo algo de ilícito e censurável: numa conjuntura recessiva, não será admissível a apresentação de lucros, ainda por cima crescentes. Está aqui implícita a ideia de que o mercado é um jogo de soma nula, algo que é muito facilmente interiorizável pelo senso comum. Assim, lucros tão elevados só se podem explicar pela crescente exploração dos depositantes por parte de tenebrosos banqueiros.

Esta é uma das mais falsas "verdades adquiridas". O mecanismo do mercado, baseado na livre contratualização, é um jogo de soma positiva e a economia como um todo só ganha em ter empresas sólidas e lucrativas. Tivessem os bancos apresentado prejuízos e estaríamos todos muito pior.

P.S.: Declaração de interesse - sou bancário.