O arq. José António Saraiva, director do Sol, tem vindo a imprimir uma curiosa linha editorial ao seu novo semanário, absolutamente distinta da que conferiu ao jornal que dirigiu durante 23 anos: no primeiro número deu à estampa uma extensa reportagem sobre as virtudes das famílias numerosas; no segundo, saiu-se com uma laudatória entrevista ao procurador-geral da República em trânsito de saída; sobre quem, no editorial da última semana, dizia ter sido vítima de poderes ocultos, a saber, da Maçonaria; na edição desta semana, o seu editorial versa sobre a «cultura da morte» e a esquerda, identificando aquela com o aborto, e estabelecendo um paralelismo entre o «orgulho em abortar» e o «orgulho gay». O arq. Saraiva escreve todas estas coisas a partir do seu gabinete de director, sito no prédio que o Millennium-BCP pôs à disposição do seu jornal. Embora eu não seja dado a conspirações e de ser incapaz de ler nas entrelinhas, quer-me parecer que existem «forças ocultas» à sombra de tanto sol.