2.10.06

Multiculturalismo

Dois economistas norte-americanos (Raymond Fisman e Edward Miguel)procuraram comparar o peso das normas legais e do ambiente cultural nos comportamentos no controlo da corrupção, partindo das multas de estacionamento não pagas por diplomatas de todo o mundo, colocados em Nova Iorque. Analisando os dados oficiais diponíveis para os anos de 1997 a 2002, concluiram que, naquele perído, o valor das multas de trânsito não pagas pelo diplomatas ascendiam a qualquer coisa como 18 milhões de USD. Como a imunidade diplomática dispensa os infractores do pagamento das multas, sugerem os autores do estudo que a maior propensão para as infracções de trânsito tem que ver com a maior propensão cultural de cada grupo nacional para a violação da Lei (acrescentando um segundo factor: quanto mais impopular é a imagem dos Estados Unidos no país de origem, maior é a propensão para as infracções). Os números que acompanham o estudo, denominado Cultures of Corruption: Evidence From Diplomatic Parking Tickets, divulgado pelo National Bureau of Economic Research, colocam o Kuwait no topo da lista, com a estonteante média de 243 multas não pagas por ano e por diplomata. Portugal ocupa um (não muito) honroso 68.º lugar (entre 146 Estados), com uma média de 8,8 multas/ano/diplomata, entre a Venezuela e o Uzbequistão, mas ainda assim melhor do que a Espanha (12,7) ou do que a Itália (14,6)...