12.10.06

O Nobel da Literatura - Previsões

O ideal seria dar o prémio a uma mulher de esquerda, árabe ou oriental, emancipada. Também serve uma mulher de esquerda, árabe ou oriental, não emancipada, que escreva sobre as escarpas agrestes dos caminhos das vidas das mulheres árabes ou orientais em luta desesperada pela emancipação.

Um bom laureado seria um judeu, norte-americano, anti-republicano. Ou um israelita que não alinhe com a política oficial israelita, de preferência com bons livros publicados.

Um sul-americano com passado de insurreição que conte histórias da vida de velhos sabedores que se cruzam com jovens sedentos de descoberta também pode entrar na lista. Ou sete chineses e quatro indianos humanistas. Ou um árabe, palestiniano ou iraquiano. Alguém que exponha as existências estilhaçadas das vítimas do império. Um africano ambientalista também seria uma óptima escolha, para sacudir consciências. Ou alguém que lute pelo estilo de vida de uma tribo da Papua ou do Amazonas a partir do seu apartamento em Greenwich Village.

Ou então, Mário Vargas Llosa, numa efectiva demonstração de abertura a escritores que não sejam de esquerda e que permitirá aos academistas apontar com o dedo, gritar "Estão a ver? Enganaram-se." e nos próximos 10 anos voltar aos critérios habituais.