fernanda, a fotografia que está a querer tirar agora é para a cidade de agora. se quer uma cidade diferente, olhe para as fotografias das cidades diferentes.
o que se pretende da baixa não é o que nos dá a baixa que temos hoje. parece que queremos todos uma cidade viva, habitada, servida por bom comércio e com animação permanente, com crianças e escolas, com avós, pais e netos e com ambiente de bairro urbano. se quer a rua augusta cheia de familias a habitar o que está hoje devoluto ou ocupado por escritórios, terá que criar nova oferta para essas famílias na rua augusta. o que falta por lá são boas lojas, escolas, serviços e estacionamento. se não oferecer estacionamento associado à habitação, apenas terá procura por parte de estudantes universitários e meia dúzia de desalinhados. as famílias não aceitam habitar em locais sem carro nem sem oferta de estacionamento adicional. toda a gente gosta de ser visitada por família e amigos.
quando tira 1000 ou 2000 carros dos passeios e das ruas, nao está a tirar apenas carros de visitantes, esta a tirar também os dos moradores e dos comerciantes. e não pense que toda a gente estará disposta a ir de taxi para todo o lado. se o taxi é bom para ir do rato ao chiado, para quem vai do lumiar já não é bem a mesma coisa. ate porque nunca vão haver taxis que cheguem para uma noite de sexta ou de sábado. ontem, às 9 horas, o parque dos restauradores estava esgotado, por causa do cats. a avenida da liberdade encheu-se de carros em cima dos passeios, sem consequências. mesmo assim, quem tentou apanhar taxi à saída dos teatros, desesperou. não se dimensiona uma frota para as horas de pico.
