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Mas há uma primeira e triste lição que o actual regime nos deu - ao não demitir Souto Moura, ao permitir que este enorme erro pessoal e institucional permanecesse em funções até ao fim, o regime passou a mensagem de que a incompetência no exercício de altos cargos públicos compensa, ainda que aquela seja evidente e confessada. Que mesmo a figura mais notoriamente deslocada das características mínimas exigidas para desempenhar uma função dirigente pode aspirar a "ficar lá" até ao fim do prazo formal.
Claro que Souto Moura devia ter sido demitido, em tempo. As desculpas usadas que invocam os "processos em curso" não passam disso mesmo. Demitir Souto Moura era um imperativo funcional e ético. Seria um sinal de que nem todos servem para tudo. Que o Estado faz ainda alguma seriação de qualidade para o desempenho de altos cargos públicos.
Mas, pelos vistos, a inépcia não é ainda uma condição resolutiva na lógica deste regime. Parece que até pelo contrário - a avaliar por alguns elogios fúnebres, sempre excessivamente benévolos para o defunto.