- Se o argumento da liberdade da mulher tem «tornado a extrema-esquerda a líder e a campeã do valor da liberdade», a culpa desse triste facto não pode ser assacada senão aos liberais portugueses. Se estes, em vez de se colocarem ardentemente ao lado das posições mais civilizacionalmente regressivas, tivessem defendido a liberdade e dignidade da mulher como razão indspensável para um mundo equilbrado, justo e liberal, talvez esse realce que condena não tivesse acontecido.
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«A primeira liberdade reclamada pelos primeiros cristãos - nos três séculos que precederam Constantino em Roma - foi a liberdade de consciência religiosa, a liberdade para adorarem o seu Deus e poderem cumprir as suas obrigações para com Ele».
- Talvez seja verdade. Mas mal conseguiram essa liberdade e se apossaram do Estado romano, os filhos desses cristãos, imediatamente, negaram qualquer esboço dessa liberdade religiosa a todos os demais cultos, perseguindo-os, destruindo os seus templos, quebrando as mais antigas e sagradas tradições da antiguidade (vg. os jogos olímpicos entre tantas outras) e dizimando religiões que tinham bastante mais adeptos do aquela que Constantino preferiu.
Por isso, a nossa liberdade, a liberdade dos modernos, não decorre daqueles que primeiro a reclamaram e logo a negaram a todos os outros - mas sim dos que, na Inglaterra e na Holanda, a cultivaram e a transformaram num corpo coerente susceptível de ser aplicada e transportada para outras dimensões culturais. Até mesmo para aquelas que tudo fizeram para que esta não vingasse.