18.6.04

DOS ALEGADOS "INDEPENDENTES" DE OFÍCIO

Entretanto, José Pacheco Pereira desfilou ontem, no Público, mais um dos seus avisos de Cassandra aparentemente dirigidos aos líderes do seu partido - que, provavelmente bocejando, lhe dão a resposta devida renomeando-o para um qualquer lugar confortável mas politicamente inócuo.

Faz a crítica à lista que apoiou, ao programa que nunca repudiou e à coligação que apenas desdenhou em arremedos blogueiros. Depois, vaticina:
"Não é natural que, por exemplo, a recusa da Constituição europeia, símbolo de um certo processo de "upgrade" político europeísta, seja marginal ao "mainstream" do sistema político. Esta disfunção é tanto mais grave quanto, se houver, como é exigível que haja, um referendo sobre a Constituição, se verá que há um número muito significativo de cidadãos que a recusam. Esses cidadãos não estão certamente representados em Portugal pela Nova Democracia. Esta é uma razão do desinteresse pela Europa: a disfunção na representação política do debate europeu, falso consenso a mais"

Cumpre-me dizer:

1. É a primeira vez que JPP fala no PND. Sintomático.

2. JPP continua a "exigir" um referendo à "constituição" giscardiana - veremos o que fará quando o seu Chefe disser que "actualmente não existem condições para esse referendo" justificando-se precisamente no tal "falso consenso".

3. Caso o sistema político esteja tão confiante que permita a realização do referendo - no que eu não acredito -, estou bastante curioso em saber a posição que JPP tomará nessa altura.
Não sei porquê pressinto uma atitude semelhante à daqueles regionalistas de longa data que, em Novembro de 1998, no referendo da Regionalização, fizeram campanha pelo "Não" alegando que não era bem aquele menu que preferiam. Obviamente, obedecendo aos ditames hierárquicos dos líderes partidários - caso contrário, para a próxima, adeus nomeações...