Uma das principais causas da crise em que está mergulhada a democracia ocidental tem a ver com a quebra de confiança entre eleitores e eleitos.
É uma frase muitas vezes repetida, mas será verdadeira?
As democracias ocidentais estão em crise?
Desde quando?
Se houve quebra de confiança entre eleirores e eleitos, quer isso dizer que no passado houve confiança. Houve mesmo? E era fundamentada?
Feita a pergunta de outra maneira: o camponês analfabeto da 1ª Republica tinha mais ou menos razões que nós, os seus bisnetos, para confiar nos políticos?
E um sistema que depende da confiança é um bom sistema? Existe mais algum sistema que dependa exclusivamente da confiança?
A verdade é que as pessoas contam os trocos todos os dias precisamente porque não confiam umas nas outras. Se eu não confio no homem do talho, porque haveria de confiar num político?
E se as democracias ocidentais dependem da confiança, para que é que serve essa história dos checks and balances? Os checks and balances não existem precisamente porque os políticos não são de fiar?
A democracia, tal como qualquer outra grande "organização" humana não pode depender nem da confiança, nem da ética, nem da cidadania. Só pode depender dos checks and balances. E por isso é que as discussões constitucionais que o Terras do Nunca parece desprezar, são as únicas que interessam.
Todos os problemas discutidos nos últimos dias derivam de contradições no sistema político. Quase ninguém se deu ao trabalho de analisar o sistema político e quase todos pensaram nos seus interesses de curto prazo. Por isso, a maior parte das soluções propostas tenderiam a agravar os problemas que supostamente deviam resolver. Está tudo explicado nos posts publicados no Blasfémias nos últimos 15 dias.