Como notou JPP, o recém empossado líder do PS começa a lembrar, cada vez mais, nas suas intervenções, o saudoso «Picareta Falante». Fala, fala, fala, perora sobre tudo, e sobre tudo e ainda mais alguma coisa tem a solução certa, justa e devida, que, espantosamente, não ocorrera ainda a ninguém.
Sobre o famigerado «caso Marcelo», «acusou hoje a TVI de ter condicionado os comentários do ex-presidente do PSD, afirmando que "o professor Marcelo Rebelo de Sousa já deu os sinais suficientes de que foi condicionado na sua crónica, no seu comentário", quando anunciou a sua saída da estação na sequência de conversa com o presidente da Media Capital, Miguel Paes do Amaral». Nestas declarações prestadas à imparcial emissora de Carnaxide, José Sócrates rematou o caso dizendo que "Não me lembro de um episódio tão triste e que envergonhe tanto a democracia".
Até aqui, nada de estranho: Sócrates é o líder da oposição, está a estrear-se nesse papel e necessita do protagonismo que este assunto lhe poderá dar.
Porém, perante tão grande ameaça aos direitos fundamentais, originada por um acto do governo que objectivamente, em sua opinião, questiona e põe em causa a liberdade de expressão, que consequências retira Sócrates? Que o governo se demita?, que o Presidente intervenha e reponha a sacrossanta liberdade?, que o exército desça ao Carmo? Não! Muito prosaicamente, ele entende que o primeiro-ministro deve «um pedido de desculpas ao país», que, aliás, julga será apresentado na comunicação ao País de segunda-feira.
A relação causa-efeito estabelecida entre a violação de um direito fundamental e as suas consequências políticas, segundo o líder do PS, auguram o melhor nesta matéria, assim ele algum dia chegue ao poder.