- Novamente da mesma leitora - aproveito para pôr as cartas em dia! - e na sequência do texto publicado no post antecedente, uma reflexão sobre....evasão fiscal!:
"Desculpem-me novamente a intrusão, mas, caramba, ontem passei um dia no país real e eu, como normalmente vivo no país imaginário, isso deu-me imensa vontade de escrever!Durante o dia, ainda com a bébé de plena saúde(pensava eu!) fui fazer de conta que ajudava os meus pais nas vindimas, numa quintalora que eles possuem lá para os lados de Vizela (agora citY. Almoçamos juntos com os trabalhadores contratados para a vindima, comi ao lado de um para mostrar que não sou elitista, porque sei conscientemente que até o sou! Fazendo a conversa possível, pergutei-lhe o que fazia. Respondeu-me que tinha estado na Alemanha porque agora ali havia muito desemprego, mas que já tinha arranjado trabalho muma fábrica de saptatos em Felgueiras, «a chatice era que só ganhava o ordenado mínimo». É pouco é, respondi eu, mas olhe com estes trabalhinhos ao fim de semana a coisa dá para compor. Que nada!, respondeu ele, para ganhar esta miséria prefiro o subsídio de desemprego como o meu irmão...
À tarde veio o homem que nos compra as uvas. A nós e a muitos, não passa recibo, paga sempre em dinheiro. Faz o vinho e depois vende-o aos restaurantes, tascas e cafés, durante o ano, também sem recibo disse-me uma vez orgulhosamente ao lado dos dois furgões que comprou para o negócio onde ganha a vida, ele e o filho já casado. De qualquer forma recebe o subsídio de desemprego já há muitos anos. Quando é necessário faz descontos como trabalhador num negócio do irmão: «o que eu tenho que pagar áqueles filhos da mãe pra receber esta miséria do subsídio de desemprego»...."
Graça Faria.