11.10.04

A relevância do marcelogate (III)

É verdade CAA, que nem só de pão vive o homem. Mas que diabo, não exageremos. Não estou a ver que o milhão (ou dois que sejam) que semanalmente se deliciavam com as diatribes do Marcelo, se mobilizem agora em manifestações, barragens de pontes, estradas e vias férreas, inclusivé greves de fome, em gigantesco protesto nacional pela súbita pobreza de espírito em que caíram.

Parafraseando o Belmiro, o MRS era (é) um excelente entertainer, mas todos os programas televisivos de entretenimento têm naturalmente um fim, como aconteceu com o Zip-Zip, a Cornélia, o Big Brother e muitos outros, sem que por isso tivessemos entrado em depressão. E se Marcelo saiu, temos já aí um José Castelo Branco e a sua "Quinta das Vulgaridades" em ascensão meteórica, que atirará aquele para o limbo do esquecimento dos tele-espectadores em menos de 2 semanas. Com a vantagem, numa perspectiva "Santânica", do elevado poder anestésico deste, muito adequado à conveniente alienação das massas.

De resto, as ambições de MRS não se esgotavam na homília dominical e ele próprio há muito teria decidido descontinuá-la quando entendesse já estar suficientemente "capitalizado" em prestígio e notoriedade para se abalançar de novo na política. O "vazio" sentido pela esposa do teu amigo seria então exactamente o mesmo, apenas com a diferença de que não existiriam "aqueles" a quem culpar. Mas o "ultraje" ora sofrido representará um estímulo forte q.b. para amanhã votar em Marcelo. E o nosso estimado Professor está bem consciente disso...

Reafirmo pois o que disse nesta posta sobre a quase irrelevância do marcelogate. Obviamente que falo em termos muito imediatistas. A prazo, e admitindo a bondade da minha tese de que tudo se insere na luta pelo poder dentro do PSD, isto já poderá "mexer" com todos nós. Mas se o resultado final for a morte política de Santana, só temos de nos congratular.