10.10.04

A relevância do "marcelogate"

É nula ou quase!

Daqui a alguns meses já o tema estará difuso e poucos se recordarão dos enormes perigos que o País correu com as tenebrosas ameaças à liberdade de imprensa. Estará toda a gente entretida com os novos cenários saídos do congresso do PSD e poucos relacionarão que eles se devem quase que inteiramente ao "marcelogate".

Interessa que se discuta a liberdade de imprensa em termos de grandes concepções filosóficas, já não interessará tanto que se discuta a questão estrutural, a propriedade dos meios de comunicação. Ao chegarmos a este ponto, muitos dos que hoje se indignam já se arrepiarão com a perspectiva de se equacionar sequer a saída do Estado da comunicação social (então e o serviço público?).

Mas a liberdade de imprensa é uma questão menor no "marcelogate", simples poeira para disfarçar objectivos para já indizíveis. Em causa estão fundamentalmente as relações de poder dentro do PSD, a marcação de posições para o congresso de Novembro que jamais será o da consagração de Santana.

Como em inúmeras situações anteriores, estamos apenas e tão só perante conflitos intestinos da corte lisboeta em que os media desempenham o costumeiro papel instrumental para dar ao processo a dimensão nacional que os pigmeus de Lisboa julgam sempre ter. Mas ele de facto é de mera circunscrição palaciana, resulta de cenários sobretudo virtuais, mas a que o génio de Marcelo e a ingenuidade de muitos, com Sampaio à frente, conseguem imprimir projecções espectaculares.

Qual o impacto disto tudo na vida das pessoas, no quotidiano do cidadão comum, para além de propiciar maior animação às conversas de café? Nenhum!!!